Ainda o sono,
com o sono ensonado, apurou o ouvido ao ritmo da vida:
-temos uma
relação, sabes não sabes?
-foi para isto
que me acordaste?
-queres estar
acordada comigo?
-estou a
ouvir-te!
-tu plantas mas
não sabes se dá frutos. Tens de me acompanhar, cuidar, estar atento, vigilante,
acordado. E aceitar-me apenas.
-O que me pedes
é tão difícil…
-Sou eu, assim.
É o nosso acordo. É o meu ritmo que te leva.
-Eu não acordei
nada contigo. Nem acordei ainda.
-Se resistes eu
não vou desaparecer. Vou insistir…
-E se me
desligo?
-Trago-te para a
minha altura.
-Deixas tudo
claro. Não controlo nada pois não?
-Não!
-Mas torço por
ti. Esforça-te. Não desistas de ti.
-Vês? Não és
fácil!
-Porque deveria
ser? Se calhar perdias o meu sentido…
-E se fracassar?
-És maior que o
fracasso. O fracasso só o é se não tentar. E nem assim é. Foi sim possível ser…
porque tentou.
-Não me sinto
com força para acordar.
-Nem as folhas
no Outono são abandonadas. Aguardam uma nova estação para renascer…
-Tens a minha
chave. Podes-me encontrar…
-Não sei se te
perdeste de mim…
-Não sei eu se
te perdi...
-Não sei se me
perdi de ti…
-Perdemo-nos no
momento em que nos encontrámos…
-Mas quero-te reencontrar.
Estás-me atravessada no caminho. Da vida que sou.
-Habitas-me os
sonhos e cada manhã que nasce, nasce contigo…
-Porque me estás
grata…
-Acendes uma luz
em mim digo-te eu.
-Aceitas-me?
-Quero-te! O sol
nasceu.
Sem comentários:
Enviar um comentário