sábado, 1 de novembro de 2014

Troncos e raízes da mesma árvore

A tradição celta (nossa) homenageia a véspera do dia dos mortos a 31 de Outubro e não abóboras,bruxas,doçuras e travessuras.
E hoje é o dia dos nossos mortos.
Tenho alguns, infelizmente demais, para homenagear. Infelizmente para mim, porque fiquei sem a presença deles.
Dizem os poetas que a vida é finita para lhe darmos valor. Demos-lhe então valor, através da vida que levamos, fazendo dela um momento importante de passagem. Porque a morte pode chegar mais tarde, mas chega sempre.
Aos que partiram deixo, de novo,a minha homenagem.
Troncos e raízes de uma mesma árvore.
Vida e morte
Como num pacto de sangue,
para a eternidade,
vida e morte,
irmãs siamesas
dão as mãos
em simbiose perfeita.
Um dia,
num dia único,
como tantos outros dias únicos,
a luz da irmã vida
extingue-se.
Nova luz se reacende,
A da irmã morte,
a iluminar um novo caminho.
O espírito eterno
supera-se, livre,
por fim.
Liberto do peso da matéria,
não é mais cego,
porque vê...
com clareza.
Já não mais tem medo,
porque se torna
apenas essência.
Memória.
Nos outros.
A irmã vida,
breve e ilusória,
transforma-se,
diante do trilho que pisamos,
a que chamamos, nosso caminho.
A imagem,
dela, vida,
a sua irmã morte,
vive ao seu lado, segura de si,
porque certa e infalível.
A lembrança de quem parte
Ah! essa terrível memória
que teima em se agarrar...
fica exilada,
na corrente que a amarra ao coração
de quem é deixado
com a irmã vida.
Até ao dia em que transformados em pó,
de estrelas,
em pequenos grão reluzentes,
a irmã morte,
reacende a sua luz
para a irmã vida,
e por fim,
se reencontram…
e como num pacto de sangue
para a eternidade,
tudo começa outra vez…

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