quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Conselhos de Isabel Allende para quem quer escrever

Andava apreensiva. Por aqueles que dizem: "vem por aqui", "deves ir por ali" ou "nem devias ir"...
Até que ouvi e li conversas de escritores que admiro. Como a que deixo aqui de Isabel Allende.
Mas antes deixem-me contar uma história, a minha.
Os que como eu fazem arte com o coração (os heartists), são frágeis, sensíveis, vulneráveis mas também muito corajosos quando não se deixam influenciar por factores negativos externos.
É uma linha ténue e frágil que lembra a espada de Dâmocles, sobre a insegurança vinda de um poder. Este, o de contar histórias que sejam importadas para dentro de um leitor. Em prosa ou poesia.
Há quase 50 anos que leio. Muito e de tudo. Selecciono os autores que mais me emocionam. É um hábito que mantenho. Por puro deleite.
Desde cedo em criança, costumava refugiar-me nesse mundo e nela consumia o tempo. Era totalmente absorvida pelas histórias. Ninguém me via, ninguém conseguia comunicar comigo. Se desaparecia sabiam que eu só podia ter fugido com um livro.
Comecei a escrever seriamente, sobre tudo o que me inspira, há muito menos tempo. Depois de ganhar alguma confiança e de ler muito.
Hoje esta sabedoria vem-me do coração: mesmo que fosse uma sem abrigo, teria este permanente estágio não remunerado- a escrita - e apareceria ao trabalho diária e intensamente, para contar histórias.
Porque é a minha compulsão, o meu ópio, a minha vertigem, a adicção que eu fumo, bebo, como e durmo.
Mas ainda estou a ganhar confiança e chão.
Escrevo o que a inspiração me dita. É o meu treino diário. Posso não vender livros, não ganhar dinheiro com a literatura, mas sei que uma força maior me impulsiona que é a de continuar a escrever.
Imagino que partilhe este modo de ser com todos os que fazem da arte da escrita a sua fonte de nutrição das suas vidas.
Ou qualquer outra arte que venha de lugares insondáveis.
Por maiores que sejam os problemas, por maiores que sejam as críticas negativas, por maior que seja a falta de apoio de alguma forma, quem escreve, sabe que não pode deixar de o fazer.
A qualquer hora do dia ou da noite a porta está aberta para receber a dona da casa, a dona inspiração, que se senta, instala confortavelmente e dita as regras.
E eu, visita, obedeço-lhe.
Um dia, quem sabe, terei mais alguns livros.
Agora estou em fase de testes e ensaios. Uma dia posso ter peças prontas a apresentar. Lançar a minha nave e caminhar na lua.
Não me preocupo. Apenas me preocupo em escrever os resultados das visitas da minha dona. Acompanho-a pelos caminhos por onde me conduz.
Preocupo-me sim, em agradecer ao grupo dos poucos que vão acompanhando os ensaios, os mais calados que observam sentados no lado onde as luzes do teatro não incidem e, os que vão dando uns aplausos quentes que inundam de certezas a minha dona, a dona inspiração.
Por cada aplauso, ela tem mais confiança para se fazer presente uma e outra vez, e, afirmar com uma vénia : sei que quero ir por aí.

A todos os autores/escritores e leitores que um dia queiram escrever, deixo estes conselhos de Isabel Allende que construiu personagens belíssimos, de uma riqueza única, tem histórias absorventes e é uma das autoras que mais me emociona.

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