Conheço gente,
gente diferente
gente inteira
feita de pedaços incompletos de gente
quase sempre inquebráveis e inteiros
que por vezes se despedaçam,
e voltam a ser inteiros
uns artistas, outros não,
de cabeça para baixo e pernas para o ar,
cabelo despenteado,
que se senta
dentro de árvores,
que troca o comum,
pela sua identidade,
que troca as voltas monótonas do mundo
pelas voltas singulares das suas vidas
uns amigos para sempre,
outros tão só de passagem
outros são até desconhecidos,
uns mais presentes que outros
com artes,
sem artes,
mas com uma arte em comum:
transformam a vida na arte
de não perder a capacidade de sorrir
de ser feliz
mesmo quando a tristeza
é quase tudo o que têm,
são essas vidas,
dessa gente,
mesmo que por instantes,
deixam na minha vida
a marca das suas
E me ensinam sobre esta arte.
Se tentarem,
com o breu da espuma os dias
me impor regras para me matar de tristeza
se me quiserem matar a alegria,
usarei a sabedoria que esta gente
diferente, despenteada,
de cabeça para baixo,
incomum
me ensinou,
por eles,
para que toda a gente saiba
que esta gente despenteada
cumpre e cumpriu a sua vida,
sentar-me-ei dentro de uma árvore
gritarei sem lamentos
sem mais razões,
até ficar mais louca pela felicidade,
sussurrarei
corpo, alma,
até que a voz do silêncio
caia rouca
no encontro com a habilidade desta arte mágica,
mesmo que tudo à minha volta
sejam gritos roucos e tristes
de ser no silêncio de dentro de uma árvore
um sorriso feliz
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